sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Eu


Sou morador do Capão Redondo, e isto por si só é uma definição. Não sei o que é viver em outro lugar, conviver com outras pessoas. Os problemas deste bairro confundem-se com os meus, os lugares, as ruelas, as vielas, os escadões, são partes integrantes do meu ser.

            No ano de 1981, ano em que nasci, meu pai já morava aqui a pelo menos uns vinte anos. O terreno onde morávamos foi por ele adquirido em 1966, com dinheiro que conseguiu vendendo biscoito de polvilho no Parque do Ibirapuera, mas meus avós já moravam aqui desde quando chegaram do Nordeste. É por isto que afirmo que não conheço outra localidade, só conheço o Capão.

            Até a década de 1990, quase não havia ruas asfaltadas, no nosso bairro, eram todas de terra. Perto da minha casa, apenas a rua, Alfredo Ometecídio tinha asfalto, e ir brincar lá era um passeio de fim de semana. Todo sábado minha mãe permitia que brincássemos uma hora de bicicleta no “Asfalto”, este era o ponto máximo de nossa “vida” naqueles tempos.

            E foi neste misto de aventura e desventura que minha infância teve curso no Capão. E são estes momentos que pretendo descrever neste blog, sem pretensões elevadas, mais com um olhar sobre minhas memorias de infância, de um bairro que não era maravilhoso, que possuía e, ainda possui, muitas mazelas sociais, mas que deu abrigo para várias crianças de minha geração. Crescemos cauterizados, sem ler esta realidade cruel que nos circundavam, e que fizeram daqueles os melhores momentos de minha história.     

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